Com o crescimento da educação digital no Brasil, surge uma questão estratégica para as instituições de ensino superior: vale mais a pena construir polos próprios ou alugar espaços já estruturados para atender às exigências do modelo EAD? A resposta envolve fatores jurídicos, financeiros e logísticos, além de impacto direto na experiência do estudante e na competitividade da instituição.
Os polos presenciais são fundamentais para cumprir normas legais, realizar avaliações, encontros obrigatórios e oferecer suporte presencial. No entanto, os custos e a complexidade da manutenção desse modelo levam instituições a avaliar cuidadosamente entre possuir infraestrutura própria ou terceirizar. Essa decisão pode determinar não apenas a viabilidade financeira, mas também a capilaridade e a reputação da instituição.
A seguir, analisamos os principais pontos que ajudam a esclarecer as vantagens e desvantagens de cada modelo, considerando aspectos regulatórios e operacionais da educação a distância no Brasil.
Obrigatoriedade de polos presenciais
Uma faculdade EAD precisa garantir polos físicos que atendam às normas do MEC, mesmo em cursos majoritariamente digitais. Esses locais funcionam como pontos de apoio, onde acontecem avaliações, atividades práticas e encontros presenciais exigidos pela legislação.
A existência dos polos é um requisito para manter a credibilidade institucional e assegurar o cumprimento da carga horária mínima de atividades presenciais. Assim, qualquer decisão sobre construir ou alugar deve considerar antes de tudo a conformidade com a legislação.
Esse fator legal é determinante para que a instituição opere de forma regular e tenha seus cursos reconhecidos.
Custo-benefício do aluguel de espaços
Para cursos de graduação EAD, muitas instituições optam por alugar espaços já adaptados, em vez de investir em infraestrutura própria. Essa estratégia reduz os custos iniciais e oferece flexibilidade para ampliar ou reduzir a rede de polos conforme a demanda.
Outra vantagem é a agilidade, já que o aluguel permite iniciar operações em novas regiões rapidamente, sem a burocracia da construção. No entanto, há desvantagens como a menor padronização da infraestrutura e a dependência de terceiros para manter a qualidade do serviço.
Assim, o aluguel é geralmente mais indicado para instituições em expansão inicial ou que buscam testar a viabilidade em diferentes localidades.
Construção de polos próprios e credibilidade
Para uma faculdade EAD MEC, a construção de polos próprios pode ser um diferencial competitivo. Ter espaços padronizados e controlados diretamente pela instituição transmite mais confiança ao mercado e permite maior controle sobre a experiência acadêmica do aluno.
Essa opção, no entanto, exige investimentos significativos em obra, manutenção e equipe administrativa. Além disso, a expansão para novas regiões é mais lenta, já que depende de processos construtivos e autorizações locais.
Ainda assim, para universidades de grande porte e já consolidadas, construir polos próprios pode fortalecer a marca e garantir maior solidez regulatória.
A digitalização e a redução da dependência de polos
Com a evolução da graduação EAD 100% online, observa-se uma redução gradual da dependência de polos presenciais. Embora ainda sejam exigidos em muitos cursos, a tendência é que avanços tecnológicos e mudanças regulatórias flexibilizem essa obrigatoriedade.
Aulas ao vivo, laboratórios virtuais e avaliações online com sistemas de segurança avançados podem diminuir a necessidade de deslocamento físico. Isso torna a experiência mais prática para o estudante e mais econômica para a instituição.
Mesmo assim, no cenário atual, os polos continuam sendo relevantes para atender a requisitos legais e pedagógicos.
Gestão operacional e parcerias estratégicas
Para uma faculdade a distância, a gestão dos polos é um desafio logístico. É necessário coordenar equipes, infraestrutura, suporte técnico e atendimento ao aluno em diferentes localidades. Nesse ponto, parcerias estratégicas podem ser uma solução eficiente.
Instituições podem firmar acordos com escolas, centros educacionais e empresas locais para utilizar suas instalações como polos credenciados. Essa abordagem reduz custos e amplia a presença da instituição em diversas regiões, sem comprometer a qualidade exigida pelo MEC.
Esse modelo híbrido de gestão tem se mostrado eficaz, especialmente para instituições que buscam crescimento rápido sem perder a conformidade legal.
Construir ou alugar: qual a melhor escolha?
A decisão final entre construir ou alugar polos depende do porte da instituição, de sua estratégia de expansão e da disponibilidade de recursos. Construir oferece mais controle e credibilidade, mas implica custos elevados e menor agilidade. Já o aluguel garante flexibilidade e entrada mais rápida em novos mercados, embora reduza o controle sobre a infraestrutura.
No cenário atual, muitas instituições optam por um modelo misto, mantendo polos próprios em regiões estratégicas e alugando espaços em áreas secundárias. Esse equilíbrio permite otimizar custos e ampliar a rede de forma sustentável.
Assim, a logística dos polos presenciais permanece como um dos pontos-chave da educação a distância no Brasil, exigindo planejamento criterioso e decisões baseadas em viabilidade econômica e regulatória.